passarinho

há piar
há cantar
passarinho
lá no ninho

é pequeno
é sereno
canta uma música
que é única

lá na árvore
lá no alto
veja Marjorie
eu ressalto

cuide de tudo ao redor
pra ficar bem melhor
natureza nos ajuda
a não ser carrancuda

moldes

o chorume do lixo
que estava em baixo do picho
tinha cheiro de bicho
morto sem nenhum capricho

a sujeira da rua
tal qual mulher nua
ou leoa no cio
passando muito frio

enjoo trazia
junto com uma azia
lugar horrendo
penso em sair correndo

do imundo sairá
mesmo sem acreditar
um novo lugar
novos moldes a plasmar

o lustre

fodástico
de plástico
é fantástico
sou fanático

por você
hei de esquecer,
pequena e ilustre,
que quebrei o lustre

de cristal, bem caro
há se fosse de barro
jogava dentro do meu carro
e ainda mandava junto catarro

mas não!
conserto de prontidão
para ter no saguão
um brilho na iluminação

és

ser livre é viver altivo
sem ao outro ceder
porque na vida
poder é poder

todo merecer,
de quem se faz entender
que é o último ser
a compreender
todo o viver
está guardado
a sete chaves lacrado
jamais serei imitado!

quem comigo quiser jogar
deve saber
que o eterno perder
o faz compreender
que existe algo maior
que o torna pior

raciocínios errantes
pra quem tem no semblante
um sorriso amigo
e um presente escondido

ela

fez sujeira
a menina faceira
mesmo que não queira
estarei na sua espreita

será que proveio do ódio
que será esse imbróglio
mentir descaradamente
falando assim pra tanta gente

é chato o que vivo
sem ela não existo
fico por um fio
como no naufragado navio

volte pura e bela
querida donzela
sem ti sou ninguém
sem ti sou sei lá quem

escrita

verdades escritas
mesmo que não lidas
para as mentes sofridas
bobagens varridas

o poeta é a arte
da escrita até tarde
cria nele um arcabouço
que alivia o desgosto

o poeta é livre
pois logo exprime
o que o outro diria
com alguma maestria

todas as letras
e todos os poemas
são água no deserto
te deixam esperto

onde fui cair?

da existência estou com desdém
estou cheio de morrer e renascer
no infinito e eterno soofrer
que será que fiz pra merecer?

torturas no escuro
suando, gritando mudo
não consigo sair
no inferno será que caí?

estar

minha dor está
a balbuciar
desde meu ouvido
até meu calcanhar

quem dera eu estivesse
do jeito que o coração pede
tranquilo, calmo e sereno
com a esperança crescendo

sou guerreiro sou forte
confio na minha própria sorte
que me leva sorrateiramente
a me tornar independente

não dependo do outro para estar
feliz em meu caminhar
conheço e faço meu próprio destino
aos seus olhos sou só um desatino

porém é a vida um evento
que não se destrói com o vento
sou firme e forte guerreiro
canto assim mais alto no chuveiro

pinico

queria eu no fim do túnel
achar naquele mundo imundo
novos afazeres vagabundos
com os zumbis moribundos

eles me tratam tal qual
que fico sem achar igual
enfiado na lama espessa
vivendo nessa dureza

zumbis queridos, eu fico!
mas devolvam o pinico
preciso me desaguar
esquecer meu velho penar