crias

natural e artificial
manifestam o igual
somos crias de algo
criamos outros com certo respaldo

de certa forma
a máquina torna
manifestação, movimento
tal como o seu querido rebento

o carnal e o digital
não são diferentes
são criações de mentes
nasceram assim de repente

crias e filhos
sejam crianças ou trem nos trilhos
acontecem e estão
simplesmente iguais são

restaurante

comendo no japonês
de onde não sou freguês
a menina ao lado me fez
um belo elogio cortês

mas ela tem seu marido
que louco foi o cupido
jogou um leve estampido
para que ela me desse um sorriso

o destino me prega tal peça
que chato às vezes me estressa
agora vou embora com pressa
olhando com uma certa inveja

menina ao lado te espero
em um outro lugar, e eu quero
que vejas quem sou meu amor
melhor do que ele tem a propôr

à toa

caímos na desgraça
que nos fizeram de pirraça
mas sei que é uma farsa
o que fizeram, meu comparsa

o desejo mascarado
de inveja, por outro lado
torna-me mais forte
pouco a pouco tenho sorte

caminho sem dizer não
e como o pão
do sucesso, então
meu dizer sai na placa do caminhão

a garota ri à toa
segue firme numa boa
beija-me rápido com um olhar
de que está pronta para me amar

repente

viro o pescoço
e vejo a contragosto
o moço
que vem me cobrar o imposto

dinheiro não tenho
mesmo com tanto empenho
poesia e mão vazia
não é o que eu queria

mas está beleza
ainda há comida na mesa
farei alguma proeza
para que você jamais esqueça

sou mágico e paciente
para se estar levemente contente
basta estar escovando os dentes
e cantando algum repente