solidão

desço na contramão
da maioria da população
estou sozinho na multidão
algo sem comparação

se antes tivesse alguém
que tivesse o pensamento mais além
mas não, não há ninguém
a humanidade do profundo se abstém

quero, mas não consigo
achar um ser, um parente ou um amigo
para dividir comigo
mas no deserto eu sigo

está impossível compartir
espero o que está por vir
não irei sucumbir
beberei o mais puro elixir

rebento

nasce o rebento
surge sem nenhum intento
menino capeta
desde sempre espoleta

a mãe hoje só dorme
o pai passa fome
mas o futuro
é muito mais que graúdo

voará até o mais alto céu
sem sentir o gosto do fel
menino livre
sempre seguirá firme

pai e mãe estão
de prontidão
para que você filho
seja mais um andarilho

nesse mundo da matéria
seja cego à miséria
e que em sua caminhada
volte da estrada
com notícias novas
que seu pai colocará a prova
para saber se cresceu
se se entristeceu
oh querido filho meu,
o milagre aconteceu!

menores

pobre está em pensar
que há algo a desejar
querer o quê
pra que se ter

eu e ela, menores estamos
nada desejamos
nada queremos
e assim seguiremos

nada há se fazer
plantar e colher
é só um dizer
vai saber?

só digo essa citação:
" os menores estão
em compensação
para que o resto
continue, então!"

confiança

As vezes se você deixa se levar por ideias de pessoas fracas, mesmo que sejam pessoas que você confia, pode estar se deixando levar para o fundo do poço. Que são pessoas fracas? Na vida, pessoas fortes nunca encontrei.

Quebramos a cara com confiança no próximo, pois fracas as pessoas são, por natureza. Quer alguém há quem confiar? Perdeu humano. São só dezenas de milhares de fracos em linha, em fila. E não me coloco nessa corja.

Apesar disto temos que viver o mediano, o normal, o que resta,ou seja, as migalhas da existência vã entre os fracos.

eu sou de merda

infantil, mesquinho
tá escrito no pergaminho
desde sempre, ausente
é um resquício de um meme

distante do caminho
vá mais de mansinho
seu exibidinho
achas que é gostosinho?

pequeno, inútil e criança
vá encher sua pança
antes de falar comigo
se não, não será meu amigo

infantil, bobo e tolo
mas tosco que bolo
de festa de pobre
contigo sou esnobe

cadáver

se você planta
e se espanta
com a fartura
saiba que ela cura

sem medo de ser feliz
o eterno aprendiz
mostra a que veio
caminhos extremos, caminho do meio

hoje sabemos
o que não queremos
cuidemos
para não perecermos

a morte, o cadáver
irá precaver
o desfalecer
de qualquer outro ser

achachá koko do universe

guiado pelo seu medo interno
sem amparo paterno
virará o que for
na hora do koko!

coitado desse ser
quase não tenho mais nada a dizer
você vai sofrer
perecer

coitado desse ser
nesse anoitecer
quando eu adormecer
ele vai sofrer

não temos dó
pode virar pó
em tempos será lembrado
como o mais estragado!

parecendo mulher

financiando a procura
do medo e da paúra
dou voltas na rua
esperando a falcatrua

que será revelada
e antes de mais nada
te dou uma porrada
sua cara, estragada

ou você é louco
ou não sabe o que é
você fica rouco
parecendo mulher

para o gera samaba

vi a passagem do tempo
que alento
fiquei atento
não tenho sustento

se eu pudesse
ver o que acontece
depois do turbilhão
de informação

mas não
continuas a me irritar!
seu pobre, a beira mar
não consegue, porque, parar?!

vá se danar
e se encontrar
longe do meu lar
vá, vá se banhar!

rima formal II

mas ela voltou
de onde ninguém sobrou
minha mente sarou

onde será que ela esteve
será que hoje alguém se absteve?

a rima
para quem luta esgrima
é companhia

duas vezes morri
duas tive que voltar

uma pra sorrir
outra pra te matar,
seu falso avatar!

rima formal

acabou de começar
o caminho
bem mansinho

devagarzinho
escrevo o pergaminho
da vida

mais linda
será ainda
acabou minha rima!

ela

misturei você
com açúcar,
deu melado

não sou amargo
te quero do meu lado
sou seu amado!

produção química

o ableton foi crakeado
com o cadeado
marcado e acabado
fui  desmarcado
se amanhã ou depois
ora pois, pois
viverei sem arroz
ou mesmo
sobre o que ele propoz?

Rumo

Pequeno tetrahidrocanabinol
Alumeiado pelo Sol
Vou pegar um pouco de ti
Para o dia servir

Ta tão difícil segurar
Essa vontade que me dá
De te encontrar
Bolar e depois fumar

O verdinho ta químico
Deixa o cidadão tímido
Em loucura estranha
Do inconsciente apanha

Gosto porque fumo
Se fosse líquido bebe-lo-ia
Espero o Bang lá da Índia
Para tonto, perder o rumo

Bass

Tempinho louco
Me deixou rouco
E ó que eu falei pouco
E nunca falei do outro

Morte e vida Severina
Sai líquido da vagina
Do traveco mal amado
Que sonha em ser copiado

Pena que é um vão mesquinho
Que tempinho
Que tempinho
Que sujeito facinho

Morreu em baixo da ponte
E quer que eu te conte?
Vai colher na outra vida
Morte e vida Severina

ausência

a dor que sinto
quando você não está no recinto
me transtorna
vazia minha vida se torna

porque demoras tanto
sua ausência me causa espanto
o coração fica apertado
a ponto de ser desligado

mas quando chega
esqueço a tristeza
minha alma começa
a fazer uma festa

vem depressa
e não se esqueça
que sua ausência
me tira a paciência

Maria José

querida Maria José
sim, eu beijo seu pé
no nosso amor eu tenho fé
e seja o que Deus quiser

penso nos nossos tantos anos
onde tanto nos amamos
desavenças tivemos, sim
mas foi para crescermos no fim

tu és a mais bela
pintada numa aquarela
que sorte eu tive em te conhecer
do nosso amor jamais vou me arrepender

peço perdão por meus desvios
foram grandes desafios
que já foram superados
querida, sou seu eterno amado! 

dúvida

pensar e não ter certeza
o que será que se almeja?
dou um gole de cerveja
que é pra manter a esperteza

será que o destino me engana
ele é um policial à paisana
que confunde minha mente
perco a memória de repente

confusão e dúvida
são coisas únicas
tramoia da serpente
impossível ficar contente

a certeza vou buscar
mesmo que eu vá sofrer
o ponto certo vai estar
logo ali, insisto em dizer

objeto

consigo parar de comer
consigo parar de beber
mas te esquecer
me faz enlouquecer

se iria sumir um dia
porque vivia
ma bajulando noite e dia
de criança me fazia

agora sou eu e a Lua
e você toda nua
em sua cama e um cigarro
como é que eu paro?

já sei!
sou eu meu próprio rei
de você esquecerei
o objeto que tanto amei

merecimento

garota querida
porque você fica
ao meu lado, porque?
que fiz para merecer?

sempre que preciso
ela me mostra o dente canino
sua mordida
jamais será esquecida

vampira querida
não tire minha vida
contigo vou ficar
na cama ou na sala de estar

para dividir minhas experiências
vividas com tanta paciência
sei que sou eu e você
que fiz para merecer?

51

parece que ele esquece
de pedir mais uma, desce!
mesa vazia me aborrece
copo cheio enobrece

aí se eu tivesse
lá na quermesse
um vinho quente de repente
um quentão que me esquente

pinga boa é a 51
já dizia o velho bebum
que soltou um sonoro pum
mordiscando um patê de atum

álcool é condensar
um quase desmaiar
é para acordar
para um novo estado de estar

despertar

perdi a alegria
vivo a nostalgia
da vida que queria
que se acabou com a luz do dia

a noite eterna
lá dentro da taverna
me deixou em sérias questões
acerca das minhas ilusões

percebi, meu amigo
que tenho construído
um passado contínuo
não mecha no meu umbigo

amanhã será melhor que ontem
debaixo da ponte
ficarei a esperar
o meu eterno despertar

bigode

o pastel da feira
sem eira nem beira
mesmo que você não queira
é uma baita tranqueira

digo isso meu amigo
mas não fique constrangido
faça o que seu coração manda
assim mostrará quem comanda

de tranqueiras e besteiras
vive-se a vida inteira
mas não há quem não queira
um pouco só de zoeira

se largue, se jogue
vai! tudo pode!
se pensar muito, o cérebro sacode
faça barba, cabelo e bigode

loucura

o pau bateu no gato
correndo saiu o rato
que é para não sobrar
alguém quer me matar

vou fugir daqui
meu dinheiro escondi
chega de roubalheira
vou tomar a dianteira

tenho medo deste lugar
aqui não dá para estar
até aquele velhinho está me olhando
tipo assim, me fitando

para onde eu irei?
por aqui me machuquei
no horizonte acharei paz
disso eu sei meu rapaz

bye bye loucura
vou pegar aquela rua
ir até o fim
vou voltar de onde eu vim

trago

não sou mal
nem estou bancando o tal
é só meu jeito de ser
que parece desmerecer

tudo o que você preza
tudo o que você estima
chega de reza
não estrague a minha rima

para ser chamado de mal
teria que te dar um tchau
te largar falando sozinha
e não te chamar de minha

ao contrário, sou seu companheiro
me dá logo o isqueiro
vou fumar, tragar
que é para, da vida, relaxar

imagine

nada de mais
posso esperar
do que se faz
sem imaginar

a coisa bruta
técnica e enxuta
tem a bruxa
ou o diabo da Xuxa

sem elocubrações
os tendões
são estraçalhados
ou simplesmente atados

reflexões e imaginações
são para a obra
necessárias maquinações
o divagar transborda

proposta

ainda tenho você
em meu pensar
se fico sem te ver
fico a divagar

sobre questões existenciais
esqueço das coisas principais
e passo a viver um drama
estou atolado na lama

apareça em minha vida
oh garota querida!
sonho em te reencontrar
para minha paz conquistar

apareça seja o que for
vou a ti propôr
um novo jeito de viver
que você não vai esquecer!

bastidores

cansei do que pensei
caminhei
anos
barrancos

debaixo do calvário
rezando com um escapulário
eis que encontro a madame
branca como um descascado inhame

só
só o pó
só o pó da rabiola
tava até pedindo esmola

recomponha-se querida
quer perder a sua vida
que é tão cheia de flores
esqueça seus antigos amores
sou eu e você nos bastidores!

Bairral II

tchau Bairral!
estou feliz sem igual
vou embora daqui
lugar que tanto sofri

daqui nada aprendi
apenas vivi
dias entendiantes
vou voltar como era antes

vida livre na rua
vou tomar banho de Lua
encontrar um gatinha
que seja toda minha

liberdade já é
e sei como é que é
nunca mais aqui voltarei
estou feliz e disso eu sei

clássica

pequeno maestro
lhe peço
a música pode aumentar
é só continuar

com a música
oportunidade única
da platéia vibrar
e em coro festejar

sou aquele ouvinte
de pouco requinte
que parece um pedinte
dezenove não é vinte

mas toque
e explore
as diferentes notas
música baixa me embota

Resplandecer

Quem dúvida
Perde a vida
Consumida
Pela dívida

De se ter
O enaltecer
Sem conhecer
O resplandecer

Vem comigo menina
Não sou figurinha repetida
Nem tenho a vida acometida
Por loucuras sem saída

Sou seu enquanto quiseres
Não espere
Contendas
Vem logo, querida venha!

barbaramente

quem espera sempre alcança
ou pelo menos dança
no que chamamos de vida
me dê uma pizza amanhecida

espero pois é o necessário
não sou tão rápido quanto o empresário
que do seu salário
ganha pra caralho

a espera é a medida
de uma contrapartida
se por um tempo escolheu esperar
no outro é certo que irar ganhar

de tempo ao tempo
saiba que o vento
trará pra ti o presente
que te felicitará barbaramente

sem pensar

tá, tá dificílimo
o Quasímodo
ta doente
sem dente
e corcunda
sua bunda
arruma
uma tumba
para descansar
precisa estar
em qualquer lugar
sem pensar

maizena

cansado do estilhaço
do chapéu do palhaço
que como o Homem de Aço
causa nas crianças um leve desembaraço

de palhaçadas
e gargalhadas
vive o Coringa
e sua seringa

feias formas saindo
ele vive como existindo
segundo a segundo
a ponto de virar moribundo

desejo a ele que se entretenha
com outra guloseima
algo que não queima
como mingau de maizena

globalização

o chiclete que está na minha mão
veio de outro rincão
talvez da China
como aquela serpentina

hoje vejo o sofrimento alheio
de quem nem sabe porque ao mundo veio
falam de que a globalização tudo dominou
mas não sei do sentimento de quem doou

a vida inteira numa vila no oriente
e hoje tem caído seus dentes
e nem sabe o que é Rihanna
mas muito o seu neto ama

os produtos são globalizados
e os corpos massacrados
vai saber se ao seu lado
não está um canudinho estragado

que veio de um outro lado do mundo
usado por um humano
que em poucos segundos
pensou em ti enquanto

bebia seu líquido efervescente
e assim, tão de repente
esqueceu do recente acidente
e de sua temível dor de dente

alto

acho que cai
nem bem direito percebi
já subi ás alturas
de um lugar que teria paúra

o mais alto me agrada
é no fim da escalada
que se sente o suor da caminhada
e a pupila dilatada

no alto reside
o fim do gride
você quer que eu te explique?
espero que não duvide

o alto é o patamar
no qual devemos estar
seja você quem for
é isso que vim propôr

cachaça

me perdi em seu olhar
e agora, como hei de ficar
onde vou te achar
meia chance em um milhar

mas estou a aproveitar
o que o destino tem a me dar
espero presentes bem graúdos
mas sigo reto, não me iludo

menina dos olhos verdes
para dormir eu viro para a parede
que é para deixar de ter sede
e vontade de contigo dormir numa rede

só a sorte
te transformará na consorte
mais cheia de graça!
se apareceres comemorarei com cachaça

meu bem!

sei por onde ir
não me faça desistir
se for partir
vê bem por onde ir

o caminhada é longa
vai te deixar tonta
não é nenhuma bronca
mas esse teu jeito me amedronta

porque tem que ser tão difícil
te mostro um caminho aprazível
mas você insiste em devaneiar
sobre bobeiras ao luar

bom, quando você quiser
vou te tornar mulher
e te dizer outras coisas também
meu amor, meu bem!

dengo

caio de uma altura
que me dá paúra
sangue quente sobe á cabeça
não quero que você se esqueça

que sou seu até de baixo d'água
e a minha tonteira se apaga
quando volto do céu
intacto, caio num bordel

de lá saio de fininho
prefiro você bem de mansinho
minha menina amorosa
bonita, pequena e dengosa

sorte tive em te encontrar
e sei que você sempre vai estar
com aquele olhar
de quem quer me matar de namorar

modo de estar

acabo
levo a cabo
a missão
da placa do caminhão

sê tu, onde for
acabará por propôr
em seu exemplo
coisas que não são vistas no templo

a liberdade
se matura com a idade
somos eternamente jovens
nossos coração explodem

de tanto que vivemos o máximo
meu caríssimo,
damos ao outro o vislumbrar
de um novo modo de estar

que cor era?

eu vi
e daí?
ela estava ali
sim, eu senti

o amor brotou
ela de lado se comunicou
me entreolhou
sim, me namorou

era salmão
ou era rosa
a cor
ou sobrecor
de seu amor?

cintilava o brilho
de suas madeixas
melhores que as da gueixas
alguém tem queixa?

meu amor por ti

será infinito
bonito
e evelouído
cadê o seu marido?

cotidiano

o seu Sebastião
está preso num alçapão
entre a cruz e a espada está
não sabe com quem vai ficar

seu Lucas tirou má sorte
ainda não tem sua consorte
mas se esforça no violão
o futuro o aguarda, então

o Peri só pensa na loirinha
sua eterna daminha
mas está de saco cheio
está achando tudo muito feio

esse é o cotidiano sacal
dos internos do Bairral
só pensam na rua
e em mulher nua

daminha

querida moçoila
não te trato como tola
nem acho que sejas boba
sou o avião que voa

tu és minha filhinha
pequena estrelinha
se te trato meio assim
é porque tem um motivo, enfim

meus presentes são caros
meus verso raros
sou seu pai querido
assopro seu dodói se tiver caído

espere minha daminha
afaste-se das ervas-daninhas
tenha em mim autoestima
que é para não acabar com a rima

síria

o conflito que gera uma guerra
é, antes que você emperra
a porta que abre para a calmaria
guerra, matança, disenteria

sírios em civil war
esquecem de respirar
esperam alguém chegar
para com a guerra cessar

etnias e religiões
misturam-se nos mais distantes rincões
onde multidões
pausam o ritmo de seus corações

a morte gera sofrimento
que em questão de tempo
acabará, basta estar
conectado ao ato de amar

beijo

o que eu fiz foi façanha
em nada me estranha
a força tamanha
é minha artimanha

sou jovem e talentoso
chupo um sorvete gostoso
meu doce é mais doce
antes assim fosse

minhas papilas gustativas
são muito mais vivas
meu toque
em teu prazer explode

venha comigo garota
te dou um beijo na boca
verás, ficará tonta
é mais forte que uma bomba

normose

vejo por todo lado
algo muito inusitado
pessoas normais passando
vivendo a vida sem espanto

a normose atingiu em cheio
à humanidade a doença veio
todos presos em seus caixotes
vai perguntar se alguém leu Dom Quixote

pessoas sem graça
podes até achar um comparsa
mas será ele normótico?
mais um ser robótico?

ser normal é um mal
não culpe seu ancestral
tens responsabilidade sobre ti
seja diferente em seu existir!

Gustavo

garoto perigoso
muitos o chamam de criminoso
mas não sabem que é só um garoto
que quer buscar algo novo

muito novo ainda é
mas te mostra como é que é
lutar pra ficar de pé
fazendo o que ninguém quer

com muita astúcia
achou sua amada Lúcia
dela será que vai cuidar?
será que ele está pronto para amar?

muléqui travesso
há pouco eu o conheço
comigo fez um conchavo
seu nome é Gustavo

o alho

o alho me confundiu
explodiu
meu hálito
fiquei pálido
que trágico
que beijo mágico
com gostinho de alho!