dor

a dor que possuo
é de quem dá duro
incompreendido
mas não passo desapercebido

o caminho tem me torturado
me deixando acabado
mas sei que sou afortunado
o que tenho não é um fardo

mas um trilhar diferente
do que se entende
se eu não me aceitar
darei trela para o que me faria cansar

focar que deve ser dessa forma
minha sorte transborda
fortaleza e pureza
me guiam com inteireza

prece

cachorro desleal
se achando o tal
se deu mal
morreu no matagal

se soubesse do futuro
não agiria feito burro
levou um empurro
bateu com a cabeça no muro

morreu ali no terreno baldio
sua vida está por um fio
foi enfrentar o homem bravio
triste fim do sujeito vil

é assim que acontece
e a população depois esquece
a surra do dia-a-dia amortece
esqueça de rezar sua prece

cego

queria sentir
a experiência que está por vir
tempos sem ver nada
a minha janela da alma vendada

só vejo as mesmas misérias
bobagens, pilhérias
mesmices, tolices
inúteis crendices

passar um tempo cego
vai ajudar a diluir meu ego
fazer eu olhar para dentro
sentir melhor o gosto do coentro

o desafio será abrir os olhos de novo
será que vou sentir um estrondo
da luz em minha retina
peço forças lá de cima
para depois disso tudo
não achar que porque eu mudo
o outro tem que mudar
cada um no seu estado de estar!

nós mesmos

eu tenho uma tia
que sempre dizia:
"vá com calma,
a pressa distorce a alma.

seguir
mesmo sem saber para onde ir
mas seguir seguro e calmo
sem perceber, acertarás o alvo

a pressa
faz a vida passar a beça
sem percebermos
os deslizes e acertos

corriqueiros
ser inteiro
em todos os momentos
nos faz sermos nós mesmos

liderança

pode parecer
que eu repito
mas o tema a se entender
é a liberdade enquanto abrigo

não ter amarras no pensamento
no entendimento
buscar contentamento
e da liberdade tirar sustento

poucos vivem uma vida
que seja construída
a partir de uma briga
com os valores da sociedade constituída

se quer viver em consonância
com a distância
da ânsia
seja sua própria liderança

majestade

ensaiei um modo de ser
que não deixa transparecer
a dor que me faz adoecer
há muito estou a doer

a dor
que a vida tem a propôr
só é curada com muito amor
e um monte de breja no isopor

colher felicidade
é coisa de majestade
o rei é governante
desse mundo e outros distantes

a feliz idade revela
a maturidade em aquarela
o futuro me espera
já matei a besta-fera