assim

você é lindo
assim,
pram mim,
te quero assim,
de um jeito só meu!
entendeu!!!

só meu
só meu
só meu

só meu
só meu
só meu

querido que tenho que falar,
pra você me explicar que é só meu?

só meu
só meu
só meu

só meu
só meu
só meu

valeu?

será que bebo seu sangue
madame
que inhame
basculante na estante

quero amor
furor
sem dor
valeu?

nariz

tô andando
e cantando
amando
o encanto
dos olhos dela
tô na sela
montado
a galope
tô ciclope
no golpe de sorte
que morte seria sem ti
deixaria de um dia existir
meu destino estaria por um triz
indabem que empinei o nariz

ao seu lado

meu coração
na solidão
de não te ver
vai sofrer

se te perder
irei rever
o renascer
do não viver

sou mais eu
resplandeceu
em meu ser
vou acontecer

sou bem maior
e sei de cor
e salteado
como estar do seu lado

horizonte

a nuvem que paira ali
no horizonte que vi
me faz mais feliz
contigo vou sorrir

com ela descobri que
o tempo que vê
sem nada a temer
te faz entender
que rima segue doida
maluca e varrida
que foi por mim esculpida
serve para dar uma distraída
e pensar mais alto na vida

incômodo

libertinagem
sacanagem
quer um pouco
estou quase louco
de ira
vampira
vadia
esculpida
por Deus será?
comigo não está
para te contrariar
meu despertar
ira te incomodar?

onde foi?

aquele dia
que triste!
se eu soubesse
se coubesse
me entristece
saber
que te ver
vai doer
mas sofrer
por você
não vou entender
por que não irá
acontecer

dor de dente

de onde veio?
que feio
é o que sinto
com você de cinto

sinto muito
querida fada rosa
sua calça
desbota

horrível é você
e se se arrepender
estou completo pra ti
eu nunca te esqueci

sai da minha mente
não sou seu parente
tenho dor de dente
em pensar em você derrepente

friend-boy

quando triste estou
é porque alguém me machucou
ao anjo que quebrou
a asa machucou
digo que já foi
meu amor não dói
meu coração corrói
não mais seu querido friend-boy!

encontro

peço que venhas
não se contenha
só peço que aqui esteja
tomando uma breja

encontrei a ti
com outras me aborreci
quase esqueci
o amor todo que vivi

querida menina
te tenho em alta estima
vamos no quarto lá em cima
continuar a poesia com rima

onde só nós dois estamos
convenhamos
nos amamos
sim, nos encontramos!

do burro

acesse
o abscesso
do sucesso
nefasto

alto lá podridão
da sua buceta
o do seu pulmão
vejo seu futuro, então

se fui duro
converse comigo no ecuro
verá que o pão duro
é o pão do besta, ou do burro

vagaba

domino a dor
do amor
sem propor
nada em troca

e a resposta que esperas
eu sei, acertas
em esquecer
o leite há ferver

cuidado senhorita
a pia está uma bagunça
toda suja
vagabunda

cobertor

a palavra
lavra
o lavrador

que sem dor
e sem suor
tira da rima
o vapor

do calor
do melhor
vou pôr
mesmo assim, meu cobertor

amar

o segredo da arte
vou procurar
se eu encontrar
volto aqui para te contar

sensibilidade é uma dica
que aqui fica
a liberdade reprimida
deve ser banida

deixar fluir
o existir
do ser
deixe acontecer

mas não me venha aborrecer
com sua crítica há escrever
deixa o menino jogar
feliz na arte e em amar

ao seu lado

se cair na mesmice
da burrice
que vem da crendice
que disse sua tia Berenice

esqueça do que falei
antes mesmo exultei
fique a deriva
eu prefiro a esquiva

que delícia é estar com você
esperando o que vai acontecer
sem medo do destino traçado
quero mesmo é estar ao seu lado

é querida, é a vida louca
que deixa nossa voz rouca
e ainda deixa aquele gostinho na boca
como se a desgraça fosse pouca

amanhecer

se escuta calado
é porque algo deu errado
se é necessário seu silêncio
siga abstêmio

abstenha-se da fala
para nunca dar pala
mulher ou homem ingratos
berram tal qual patos

gente falastrona
demonstra desonra
poupe a saliva
e a ideia corrompida

se eu fosse você
esperava pra ver
o que vai acontecer
logo ao amanhecer

o barato sai caro

sigo o ritmo
que me é imbuído
não estou tranquilo
mas longe de parecer ridículo

a vida vem de cima
mas eu driblo com a rima
ninguém me domina
é a liberdade que ensina

se quero ir mais além
não terei desdém
do que me convém
sou muito mais do quem tem

pego de primeira
não digo besteira
saio da fileira
da carne barata na feira

entretenimento barato

pausa para pensar
aonde devo estar
por querer pensar
assim, meio que devanear
sobre meu próprio ser
que veio a se entristecer
por não ter o que fazer
mas para que me emburrecer
se estou a escrever
estou há acontecer
basta você ler
e se entreter

vem de onde

que som forte ouvi
lá do alto senti
a terra toda a bramir
o que será que está por vir

acho que derreti
e meu cérebro vai sumir
que barulho fui ouvir
alguém está a mentir

ouço passos nas escadas
vejo a porta abrir
e o céu vai cair
o que será que está por vir

minha mente e seus encantos
escuto, peido, deito e danço
aquele som vem de onde?
é você que responde!

piano

o piano lá da casa da vovó
tava cheio de pó
e ninguém tocava
ninguém encostava

tão só ele vivia
quase nem existia
mas vivia em minha imaginação
já esteve  até atrás do portão

até que um dia
a minha tia
o vendeu
a família dele se esqueceu

mas eu não
até choro em vão
minha memória foi para o alçapão
quanta ingratidão!

quem avisa amigo é

tu és aquele
que expele
todo tipo de ajuda
deus ajuda quem cedo madruga!

segue firme
se aprume
e deslumbre
não beba chorume
antes,
se ajude!

de baixo da ponte

vadia esguia
o sangue na pia
é da sua gengiva
ou da sua vagina

te quero bem perto
para poder ver o erro
e ir sempre no acerto
de te ter em desprezo

segue sempre de longe
ou debaixo da ponte
ou lugar que desponte
algo melhor me conte

coitada da senhorita
vida tão comprimida
pela mão se esvai
é assim porque trai

da boca pra dentro

querida madame
cuidado com o aspartame
que na mesa está
ou no café a tomar

só uma dica a te dar
o que entra pela boca
traz saúde ou desonra
o destino dá a bronca

a toca da raposa
ou mesmo a sua boca
te trairá de antemão
com sua vontade em questão

ou digira o lixo
eu sua mansão, ou esconderijo
e veja sua urina
dissolver a latrina

e a Mena, hein?

querida Regina
só nós dois, imagina
feitos por quem somos?
acho que você me fez e eu te como

tudo de novo
só eu e você
a dominar e reger
e o planeta entreter

o show nos aguarda
minha querida empregada
ou será minha filha
só nós dois numa ilha

pequena Menaminimi
por você, sim, eu tive
um completo trimilique
que me pois em deslise
sem ti não sei ficar
encontrei alguém para amar!

alumeia

penso na bela manhã

que se passou

onde se iniciou

aquele belo brinde

de salvaguarda

a todos os outros

seres vindouros

de outros tempos

humilde rebentos

da manifesta liberdade

que não tem idadae

e que não faz alarde

o super homem é real

e Nietzsche sem igual

mesmo com sua doença terminal

iluminou meu tom boçal

luar

o capitão
da embarcação
que está a flutuar
 no céu, ou a beira mar
me fez hesitar
em continuar
a pisar
e caminhar
sobre o luar
por eu não saber onde estar

dance

passo aqui
para me divertir
com pouco sou rei
é, eu sei

se vim para causar
algum tipo de mal estar
você pode acreditar
que mentira estão a falar

progrido e não brinco
seguro com afinco
a ilusão que me conquista
eu digo: terra a vista!

e sem perder de vista
a nova conquista
finjo que vivo de brisa
e volto a dançar na pista

laranja espremida

digo para ti
que ontem vivi
algo inesperado
fruto do mal olhado

surgiu em meu quarto
sete reis e um nobre
um tanto quanto esnobes
mas de espírito pobre

trouxeram a mensagem
mostrando uma imagem
de um ser fantástico
me acusando de lunático

virei para o lado e dormi
deles fingi que não vi
já basta do dia a dia terreno
que segue nos espremendo

rock and roll

na existência
tenho paciência
para que eu mesmo vença
sem nenhuma descrença

vi ao longe
muito distante
uma menina num tanque
de guerra, ao palanque

dizia ela e seus olhos
que dizeres impróprios
para o lugar e a situação
me deixou de prontidão

onde será que estou?
minha força minguou
o meu cigarro acabou
eu me liguei no rock and roll

andando

perco em procurar
em qualquer lugar
alguém para amar
sem me deixar
meio que me atazanar
com aquele olhar
que insiste em me fitar
melhor eu me encorajar
e além mundo buscar
algo a contemplar
junto com flâneur a andar
e me esquecer e vadiar
com uma bebida no bar
e com um amigo estar
só pra parodiar
aquele rapper a rimar

de visita

a pausa
de um
ou dois
foram os
tempos
que se colocam
ao verso
pra dançar contigo
querido perigo
só aqui pra rimar
ou seria
pra te convidar
a entrar numa boa
naquela que entoa
mais um ser que
anda
á toa

o ritmo
infinito
do coração
que anda
á toa
de vento em popa
tomando uma sopa
sem esperar a magoa
nem a ressaca
que outrora esmaga
o fígado
desmilinguido
saio fingido
não procurando
causar espanto
me arranjo
em qualquer canto

intenção

o pensamento
veio com um intento
intenção de arrumar
o meu leve despertar

que honra a minha
de pensar com a minha cabecinha
e voar nas entrelinhas
dessa boa vidinha

sei que sigo perfeito
no meu humilde jeito
mesmo com ar rarefeito
de longe eu te espreito

doce senhorita
que vives escondida
se alegre com a vida
que está desmedida

é você pequena
procuro um estratagema
para te ter mais feliz
te encontrei, foi por um triz

que fé!

local de aterrar
a emoção há flutuar
e aos outros atrapalhar

ta aqui para zoar?

criança

o belo é singelo
você é o elo
entre a verdade e a mentira
que me tira a vida

a beleza dos teus olhos
competem com a das estrelas
é a beleza extrema
um puro estratagema

menina serelepe
veja o lobo da estepe
que te vigia noite e dia
trazendo a agonia

o presente é a segurança
do passado se cansa
o futuro é esperança
tipo doce de criança

casal

não sei ao certo
estou esperto
vigilante
café com aspartame

a distância entre nós
é medida após
estarmos pensando
depois de estarmos nos amando

a fadinha do apaixonamento
me trouxe o conhecimento
somos nós o casal
de status real

somos nós o casal
de todos, magistral
somos nós o casal
de todos, sem igual

tempo

a fraqueza
sem esperteza
deixa a mesa
repleta de presas

aguentar o sofrimento
esperando o contentamento
é só questão de tempo
chegará o provimento

a ilusão se está
em achar
que o mundo não irá mudar
ou que o irá mais devagar

o tempo certo cura
apazígua a amargura
traz com desenvoltura
a tão esperada ternura

construção

eu danço
e me encanto
gero espanto
a quem está atrás do manto

a dança sagrada
leve o ser á estrada
do infinito escondido
no passinho mais tímido

dance e encante
o seu próprio caminhar
não importa onde está
seu coração o guiará

a dança constrói
ficar parado dói
ele é o herói
que na pista destrói

pra te ter

Dance comigo

Comigo

Amigo

Escondido

No abrigo

Do umbigo

Maldito

Esculpido

No retiro

Com o tiro

Na fronte

Que esconde

A chance

De ser

E do ser

Se esquecer

Maldizer

Sem querer

E depois

Aparecer

Só pra te ter

vida

demagogia
a alma minha
um tanto sofria
em demasia

a solidão
no arcabouço
é muito escroto
seu perdigoto

caminho só
tal como Jó
paciente estou
mas não sei se fico ou se vou

a magia fina
me alucina
e determina
a minha vida

conquista

é viver
é acontecer
vem me dizer
querida Jennifer

sou teu, sempre
mesmo com dor de dente
ligo para qualquer parente
sei, ele vai cuidar da gente

é rápido, fugaz
sua voz me apraz
vou devagar e sempre
isso me faz contente

um diamante te dou
ao teu encontro eu vou
na sua casa te visitei
sei que te conquistei

peso

mereço um novo enredo
ou mudar de endereço
de você eu tenho apreço
é... quase que eu esqueço

na vida, pouco aconteço,
seu menino travesso!
custo zero, baixo preço
rezo baixo aquele terço

é de medo ou de anseio?
meu amor a ti, porque veio?
se antes eu esquecer
e a vida levemente me entreter

acho que irei derreter
ou mesmo apodrecer
seu peso me enlouquece
nossa amizade me gera stresse

mas tá?
vem cá!
quando eu posso
ter alguém pra amar?

coração

intolerância
durante a infância
traz um adulto
deveras astuto

passas a ser
um ser que jamais vai merecer
a convivência com os demais
descendentes ou ancestrais

o erro está
em no filho jogar
educação severa demais
como se fazia anos atrás

deixe livre, a fluir
puro e belo existir
coração pulsante
atuante à todo instante

eu

um montante
na estante
doravante
bacante

mulher
sei o que quer
coma doce
de colher

se vier
com graça
faço pirraça
se afasta

sou eu
mais poderoso
estrondoso
maravilhoso

reto e discreto

que desgosto
tive, a contragosto
esperei por ela
que miséria!

hoje sou só
pego do chão o pó
que sana minha doença
vou viver sem desavença

me surpreendi
quando do seu lado vivi
o tempo futuro, portal
experiência sem igual

no futuro entendi
que não posso sequer me exibir
tendo assim comportamento reto
devo ter um andar mais discreto

pão

sem tempo
de ter meu sustento
não é que vivo do vento
é que tive um contratempo

no caminho da liberdade
eu, com pouca idade
briguei com a majestade
que me tratou com muita maldade

o caminho sigo, então
impossível dizer não
agora fica a questão
de como adquirir o pão

mas isso não importa, até
rumo para norte a pé
sem pensar no que ficou
a liberdade mais um achou

embriaguez

sôfrego

pouco fôlego

respiro forte

busco meu norte

sou mais eu

e o que aconteceu

me mostrou

me alucinou

mostrou-me a saída

a razão da minha vida

mesmo com a despedida

que é deveras corrompida

a razão maior de se estar

pronto para se deleitar 

e um tanto se embriagar

mesmo sem ter quem amar 

Miley

endiabrada, toda enfeitada
de shortinhos ou de mini saia
arrebenta corações
transforma homens em vilões

seu corpo exposto está
a nudez se mostrará
a arma da sedução
destruindo todos em questão

menina veneno-serpente
vou mostrar os dentes
e ser muito valente
para te ter de presente

só eu e você estaremos
sozinhos e assim teremos
tempo para aproveitar
a delícia que é se amar

indústria do belo

a beleza estonteante
faz com que eu veja adiante
além da forma material
muito além da beleza carnal

a indústria do belo
cria o elo
entre o ideal e o material
mostrado na passarela principal

a beleza
não é esperteza
é certeza
verdade coesa

aquilo que é feio
não sei nem porque veio
a beleza é mais
pensar nela traz paz

eu e você, algo mais

a beleza das pernas
pelo shorts externas
faz sair o esperma
te pego tal qual a Fera

a gostosa me implora
que eu a tenha a toda hora
mas não sabe que tenho mais
outras donzelas muito más

do prazer quero mais
ter ela no cais
ou nos bacanais
eu e ela, sem outros casais

te pego por traz
você me traz
um toque a mais
eu e você, guerra e paz

redes

privacidade roubada
cenas registradas
bobagens publicadas
todas com hora marcada

quem se importa
se a foto estiver torta?
quem repara
a massa corrida na cara?

prazer e exposição
sempre marcarão
a pessoa em questão
em sua tola ilusão

há vida além do click
não quero que você publique
o segredo da vida que está
muito além do seu compartilhar

vivo

sei que você me engana
e também dá pano para manga
para que o assunto mantenha-se vivo
por você sou levemente induzido

mas não consegue me controlar
sigo reto sem errar
sou super herói
que seu destino constrói

vilão algum chega aos pés
do meu humilde viés
sou fino, grato e rápido
o confronto eu acho fácil

eu venço qualquer que seja
o desafio que se põe a mesa
sou feito para ganhar
sem nunca pensar em errar

sem dúvida

labuta
trabalhe sem permuta
ou ajuda
vida aguda

horas a fio
sem perder o pavio
com seu chefe bravio
não pode fugir num navio

o mar é para poucos
a praia para loucos
e tu está naquele arcabouço
de trabalhar sem o seu almoço

ó céus ampare esse ser
que se fez esquecer
que a vida é pra viver
existir por prazer

intuição em questão

o menino ao lado
está me deixando chateado
sem nenhum cuidado
está falando coisas de pensamento marcado

marcado vive
em vivências que exprimem
pensamento racionalista
teria bad trip numa pista

a arte é maior
deixa sua dissertação na pior
vamos esquecer o pensamento binário
que te leva ao leve escárnio

me deixe à leve intuição
que o anjo em questão
me ajuda sem permuta
com amor em sua conduta

bye bye, my friend
mesmo que você não sente
tens uma crítica non sense
que internamente nem compreende

tchau meu amigo racional
eu sou aquele pica-pau
que te incomoda com a simplicidade
eternamente tenho sete anos de idade

o melhor

hei você,
qual foi?
estou aqui, sou teu
por ti prefiro ser plebeu

porque tanta pressa
opa, sai dessa!
vem comigo querida
colorir a minha vida

amanhã é pior
hoje tenho o que pôr
dentro do isopor
liquido um tanto melhor

beberemos nós dois
sem deixar pra depois
nosso encontro e pronto!
já estou a ficar tonto

nem lá, nem cá

em cima do muro
pareço burro
pro homem maduro
vivo um enduro

se para a esquerda olho
volto pra direita e entorto
estou absorto
política me deixa morto

temem as divas
lunáticos as esquivas
se uma te deu entrada
compre um óculos da Prada

te deixará sozinho na estrada
dos pensamentos vãos
sobre a situação em questão
do Brasil e seu povão

dois mil e dezesseis
vou contar pra vocês
dois mil e dezessete
ainda promete!

crias

natural e artificial
manifestam o igual
somos crias de algo
criamos outros com certo respaldo

de certa forma
a máquina torna
manifestação, movimento
tal como o seu querido rebento

o carnal e o digital
não são diferentes
são criações de mentes
nasceram assim de repente

crias e filhos
sejam crianças ou trem nos trilhos
acontecem e estão
simplesmente iguais são

restaurante

comendo no japonês
de onde não sou freguês
a menina ao lado me fez
um belo elogio cortês

mas ela tem seu marido
que louco foi o cupido
jogou um leve estampido
para que ela me desse um sorriso

o destino me prega tal peça
que chato às vezes me estressa
agora vou embora com pressa
olhando com uma certa inveja

menina ao lado te espero
em um outro lugar, e eu quero
que vejas quem sou meu amor
melhor do que ele tem a propôr

à toa

caímos na desgraça
que nos fizeram de pirraça
mas sei que é uma farsa
o que fizeram, meu comparsa

o desejo mascarado
de inveja, por outro lado
torna-me mais forte
pouco a pouco tenho sorte

caminho sem dizer não
e como o pão
do sucesso, então
meu dizer sai na placa do caminhão

a garota ri à toa
segue firme numa boa
beija-me rápido com um olhar
de que está pronta para me amar

repente

viro o pescoço
e vejo a contragosto
o moço
que vem me cobrar o imposto

dinheiro não tenho
mesmo com tanto empenho
poesia e mão vazia
não é o que eu queria

mas está beleza
ainda há comida na mesa
farei alguma proeza
para que você jamais esqueça

sou mágico e paciente
para se estar levemente contente
basta estar escovando os dentes
e cantando algum repente

passarinho

há piar
há cantar
passarinho
lá no ninho

é pequeno
é sereno
canta uma música
que é única

lá na árvore
lá no alto
veja Marjorie
eu ressalto

cuide de tudo ao redor
pra ficar bem melhor
natureza nos ajuda
a não ser carrancuda

moldes

o chorume do lixo
que estava em baixo do picho
tinha cheiro de bicho
morto sem nenhum capricho

a sujeira da rua
tal qual mulher nua
ou leoa no cio
passando muito frio

enjoo trazia
junto com uma azia
lugar horrendo
penso em sair correndo

do imundo sairá
mesmo sem acreditar
um novo lugar
novos moldes a plasmar

o lustre

fodástico
de plástico
é fantástico
sou fanático

por você
hei de esquecer,
pequena e ilustre,
que quebrei o lustre

de cristal, bem caro
há se fosse de barro
jogava dentro do meu carro
e ainda mandava junto catarro

mas não!
conserto de prontidão
para ter no saguão
um brilho na iluminação

és

ser livre é viver altivo
sem ao outro ceder
porque na vida
poder é poder

todo merecer,
de quem se faz entender
que é o último ser
a compreender
todo o viver
está guardado
a sete chaves lacrado
jamais serei imitado!

quem comigo quiser jogar
deve saber
que o eterno perder
o faz compreender
que existe algo maior
que o torna pior

raciocínios errantes
pra quem tem no semblante
um sorriso amigo
e um presente escondido

ela

fez sujeira
a menina faceira
mesmo que não queira
estarei na sua espreita

será que proveio do ódio
que será esse imbróglio
mentir descaradamente
falando assim pra tanta gente

é chato o que vivo
sem ela não existo
fico por um fio
como no naufragado navio

volte pura e bela
querida donzela
sem ti sou ninguém
sem ti sou sei lá quem

escrita

verdades escritas
mesmo que não lidas
para as mentes sofridas
bobagens varridas

o poeta é a arte
da escrita até tarde
cria nele um arcabouço
que alivia o desgosto

o poeta é livre
pois logo exprime
o que o outro diria
com alguma maestria

todas as letras
e todos os poemas
são água no deserto
te deixam esperto

onde fui cair?

da existência estou com desdém
estou cheio de morrer e renascer
no infinito e eterno soofrer
que será que fiz pra merecer?

torturas no escuro
suando, gritando mudo
não consigo sair
no inferno será que caí?

estar

minha dor está
a balbuciar
desde meu ouvido
até meu calcanhar

quem dera eu estivesse
do jeito que o coração pede
tranquilo, calmo e sereno
com a esperança crescendo

sou guerreiro sou forte
confio na minha própria sorte
que me leva sorrateiramente
a me tornar independente

não dependo do outro para estar
feliz em meu caminhar
conheço e faço meu próprio destino
aos seus olhos sou só um desatino

porém é a vida um evento
que não se destrói com o vento
sou firme e forte guerreiro
canto assim mais alto no chuveiro

pinico

queria eu no fim do túnel
achar naquele mundo imundo
novos afazeres vagabundos
com os zumbis moribundos

eles me tratam tal qual
que fico sem achar igual
enfiado na lama espessa
vivendo nessa dureza

zumbis queridos, eu fico!
mas devolvam o pinico
preciso me desaguar
esquecer meu velho penar