princesa

a princesa salvei
mas no caminho
monstros encontrei
e não derrapei

tudo tem seu preço
para conquistar seu apreço
fiz de tudo e mais um pouco
e não fiquei rouco

princesa do castelo
seu sorriso é mais belo
que o de qualquer outra
quero tirar sua ropua

contrato

em ti reparei
algo inusitado
longe de ti
meu peito fica apertado

tão bela, tão doce
se mentira fosse
o nosso encontro
ficaria até tonto

mas chegas devagar
me pondo a esvaziar
todo meu desejo existente
com outra não serei contente

completos somos
e nos opomos
a qualquer fato
que finde nosso contrato

sorrir

a tristeza ensina
que há o lado de cima
às vezes se está por baixo
se sentindo um capacho

mas o bom é ser livre
o tempo ruim, arquive
felicidade é despertar
mesmo sem alguém para amar

amigo

se iludir é mais fácil
que levar um esculacho
e sair cabisbaixo
se sentindo mais frágil

o sermão bem colocado
pode salvar o coitado
de viver acorrentado
confuso e complicado

amigo é quem avisa
de maneira precisa
com carinho sincero
com cuidado e esmero

atitude

a ilusão
de achar que se está são
por ter remuneração
te aparta da ascensão

seguindo o patrão
vives em vão
comes o pão
com desolação

ser livre é dilema
coração que queima
por vento forte
trazendo sorte

seja seu próprio mestre
mostre para que vieste
mostre a diferença
daquilo que você pensa

o fim será sucesso
em ti estará impresso
o selo da virtude
de quem teve atitude

mestres

livre, leve e solto
meu ser é desenvolto
das amaras fugi
na liberdade emergi

ser livre é o lema
viver de forma extrema
conhecendo a si
é a razão que eu vivi

o outro é ajuda
o outro é amparo
de forma miúda
com ou sem preparo

de todos encontros
se entendermos o ponto
mestres serão
os que nos rodearão

seja intelectual ou agricultor
seja quem for
é também um professor
basta escutar com amor

saber-se pequeno
te livra do veneno
de cair no erro
sozinho no atoleiro

mas seja livre e perspicaz
se algo não te apraz
deixe para lá com carinho
jamais sendo mesquinho

na sua intuição se segure
e sempre procure
a resposta que será dada
com o surgir da alvorada

princesinha

seus olhos mostram
desejos que não acabam
ontem entendi
o eterno por ti

dentro do meu ser
você está a viver
o presente de achar te
até que veio tarde

princesa esplêndida
quero que tu entenda
completo eu já estava
mas você é o que faltava

o universo conspira
seu corpo transpira
comigo está segura
nossa vida é aventura

sono

o humano escolheu
consciente ou não
viver na ilusão
se rendeu a Morfeu

em sono profundo
vive o mundo
o sistema desliga
quem isso identifica

escolheram sofrer
em vez de conhecer
o sentido da vida
que está corrompida

busque a liberdade
de se saber quem se é
tenha sanidade
viva em liberdade

novamente

é de outros ares
de outros lugares
o nosso amor foi vivido
e interrompido

mas agora podemos
de novo juntos estar
presente recebemos
de Quem está a Criar

o povo inveja
a ilustre princesa
fofoca enseja
o olho gordo a corteja

que bom que protegida
está sua vida
o príncipe é divino
seu poder cristalino

poesia fast food

fiz o que pude
tipo Robin Hood
tentei te salvar
da miséria escapar
miséria completa
que a vida reserva
a quem se contenta
que não experimenta
o novo que se mostra
diante dos olhos atentos
que percebem o movimento
trazido dos ventos
de novas auroras
que te revigoras
te indicam o rumo
no momento oportuno

através do espelho

dentro espelho
se esconde o segredo
de outro mundo inteiro
que é mais verdadeiro

lá não se sofre
tem mais rima a estrofe
feita de com rapidez
com muita fluidez

nesse mundo a arte
está em destaque
sendo mais importante
que o cientista arrogante

vamos todos pra lá
do outro lada está
um mundo mais belo
mais doce e singelo

dependência

estou tendo crise de criatividade
a rima disse tchau, estou com saudade
do tempo em que ela era a majestade
dela depende minha sonoridade

no cabide dentro do armário
estava ela, veja só que hilário
como é que pode me fazer de otário
deixando me quase morrer no calvário

sujeito sério

ele é suspeito
tenho preconceito
quem se veste desse jeito
não pode ser direito

vou chamar o prefeito
apontar o defeito
vou gritar a torto e a direito
esse sujeito eu não aceito

isso é o que pensa a pesssoa séria
que do seu lado demonstra reserva
do diferente sempre pondera
dela na da se espera, uma mera bactéria

horizonte cegado

a ilusão é mais fácil
faz viver por debaixo
porém cativa
muito mais lucrativa

confiar na justiça
no governo ou no rei
traz esperança, meu amigo eu sei
destrói sua vida, experiência avisa

sou testemunha do assalto diário
que transforma o cidadão em otário
suga, rouba e danifica
pessoa jurídica ou pessoa física

ser livre é melhor, sem depender do estado
que quer te ver preso igual a um escravo
suando bastante no trabalho constante
que te impede de além, enxergar adiante

aconchego

sentado observo
o belo deserto
que é descoberto
pra quem olha de perto

o deserto do real
te leva contente
á experiência carnal
de decompor no final

a natureza é sábia
completa e findada
dá muita risada
de quem a estraga

forte e perene
resistirá sem lutar
dela precisamos
para até respirar

não a dominamos
enganados estamos
dela necessitamos
pra findar nossos prantos

a arvore e o pássaro
o mar e a atmosfera
são indestrutíveis
queimam nossos fusíveis

o deserto e a grama
a floresta e leão
jamais nos trairão
só trazem proteção

com a natureza
é melhor não brigar
e sim se abrigar
tranquilo se aconchegar

obrigado asfalto

do asfalto da rua
que de petróleo é feito
surge uma flor
de um espaço estreito

a beleza se mostra
aos olhos mais sutis
tá pra mais pra quem diz
escapei por um tris

escapei por sorte
da terrível morte
de viver essa vida
de forma corrompida

a flor do asfalto
me leva ao ato
de arrancá-la e guardá-la
para depois replantá-la

guardar o milagre
que se mostrou hoje à tarde
ficará arraigado
para a posteridade

Sol

você é doce e espera
minha chegada e não erra
de mim conhece tudo
te admiro, te olhando e mudo

fico assim sem fala
minha boca parece que para
meus olhos fixam-se em ti
minha doce e bela Afrodite

quando estamos só eu e você
meu corpo fica a estremecer
minha boca insisti em tremer
fico sem ter o que dizer

não preciso nada falar
pra sempre vou te amar
e comigo você vai estar
até o Sol se acabar

o que é o limite?

o mundo a milhão gira
joga pra fora aquele que queira
demonstrar a sua pira
que fez durante a peia

de peias estou cheio
quero acabar com o devaneio
de quem traz o bloqueio
que do status quo proveio

não se preocupe com sua imagem
a sociedade está na miragem
vivendo a pura bobagem
de se esquecer de virar paisagem

a paisagem não está fora
está dentro de ti, compreenda
não é de jogar fora
isso que quero que entenda

o mundo é reflexo de ti
até o número pi
que lá na escola eu vi
vêm de dentro, existe em si

o dentro e o fora estão
pro cientista que pensa em vão
não existe limites, meu irmão
infinitos somos, então

quem disso duvidar
ou uma bobagem achar
está no caminhar
um dia irá concordar

ter e ser

não aconselho a impureza
elogio quem tem a certeza
mesmo que orgulhoso pareça
a quem o olha na mesa

certeza de se conhecer
mesmo que dê a entender
que louco pareça ser
ou inútil ao mundo do ter

ter é mais que ser
redundante é isso dizer
quero mais alto entender
o segredo assim dissolver

o segredo da vida se mostra
a quem faz a aposta
de buscar o silêncio interior
o que na vida veio propor

o maior que podes alcançar
mesmo sem ter alguém para amar
é estar no despertar
de consigo seguro estar

seja você

o autoconhecimento
te livra do grande tormento
de ser um simples rebento
da sociedade um mero experimento

te elucidar eu tento
para que você não vá com o vento
escravo de um pensamento
que não foi do seu intento

viva o seu momento
não se preocupe com o tempo
você não é instrumento
se torne seu próprio invento

ser livre é mais importante
que ser alguém brilhante
vivendo a vida esperada
sendo igual a toda a manada

confie em sua intuição
será sua vida em vão
se esquecer da sua razão
e viver na contramão

saiba que tudo ao redor
te faz parecer que é pior
o mundo te quer enquadrado
quer te trancar com cadeado

busque se conhecer
e seguro viver
sem preocupação
com o julgar do teu irmão

certo

o meu jeito de viver
me dá a certeza de ser
completo, sábio e desperto
para quem olhar mais de perto

seguro estou confiante
esqueço da cartomante
ou do livro da estante
e livre sigo adiante

de erros vivo isento
deixei o eterno tormento
de ser aquele rebento
que fica a vagar com o vento

nossa triste sociedade
chamada de humanidade
nos quer presos, cativos
da liberdade tolhidos

meu caminho sigo sozinho
sem me preocupar com o vizinho
ou com o pensamento mesquinho
de quem se embriaga em vinho

sóbrio e aclarado eu fico
da sociedade eu me desligo
o status é meu inimigo
liberto de amarras prossigo

desdenho tudo que possa estar
a atrapalhar e enganar
meu certo caminhar
nunca vou me acomodar

quero sempre o novo
aquilo que é desconhecido
que antes era sigilo
jamais serei corrompido

o poder não me seduz
a riqueza não me satisfaz
mulher nenhuma fará
meu caminho se desviar

do mundo tenho desdém
quero voar mais além
ser livre, viver e seguir
entendendo o porque do existir

só busco conhecer a mim mesmo
de saber o porque do que penso
quero a liberdade
de se conhecer de verdade

a sós

desejo eu tenho, meu bem
de te tratar mais além
de um jeito todo sem igual
sem se preocupar com a moral

és bela, és estonteante
me faz a todo estante
me sentir o eterno amante
és a estrela mais radiante

seguro seu corpo junto ao meu
vejo que estremeceu
seu gozo é o apogeu
menina eu sou todo seu

te quero toda desnuda
quero que me desiluda
esquecer das outras gurias
que um dia já foram minhas

só eu e você viveremos
o planeta reabitaremos
os novos humanos serão
frutos da nossa ardente paixão

divã

é uma esperança vã
que te traz o conforto do divã
falar e depois ter que pagar
experiência a se duvidar

converse com o travesseiro
ou até com aquele porteiro
que te abre do condomínio o portão
mecânico, apertando um botão

no divã você fica exposto
está a contragosto
sendo por alguém escutado
que para isso é muito bem pago

relação contaminada
fica deveras maculada
com a necessidade do capital
para te escutar bem ou mal

ele é só um humano
que fez um curso acadêmico
é um cientista sistêmico
que torna seu pensar anêmico

qual é a sua intenção
de no divã buscar solução
não é uma grande ilusão
buscando adaptação

se diferente é seu discurso
teu olhar, teu jeito e percurso
sinta-se completamente a vontade
desconfie da comunidade

te querem dócil e frágil
pequeno e estando no estágio
de buscar ajuda no analista
dando fim a sua conquista

conquista de tranquilo se ser
sem querer se dar a entender
feliz está em viver
sem medo de enlouquecer

o louco é aquele que acorda
com o despertador de manhã
na vida mesquinha e vã
de depender do desnecessário divã

meu caminho

sou feliz no que faço
digo sem embaraço
do engano longe passo
o infinito ultrapasso

seguro estou decidido
no caminho escolhido
não quero auxílio ou abrigo
fico agradecido

ajuda chegará em demasia
vivo a alegria
de se ter todo dia
uma sóbria maestria

vivo a liberdade
de escolher a verdade
segurança me traz
dúvida se desfaz

é tão certo o caminho
sem redemoinho
sigo completo e só
sem pena ou dó

faço o que deve ser feito
é bonito e perfeito
fico tão satisfeito
tranquilo e calmo eu deito

confio na clara certeza
límpida, certa e coesa
de que tenho em mim
o que quero, enfim

livre

vou um lema propor
seja aonde for
entenda sua dor
viva a todo vapor

as consequências virão
ensinamentos trarão
seja livre então
sem medo do alçapão

livre-se das amarras
solte as suas garras
como pássaro a voar
emancipado no altar

o altar imaculado
de ser livre, honrado
de nunca ter buscado
a opinião do letrado

tenha a sua própria
mesmo que imprópria
experiência do fato
sem que sejas ingrato

ser livre é ser mais
é viver no limite
sem pensar no palpite
que o outro transmite

sou forte, sou firme
sou aquele que exprime
tudo aquilo que quero
minha sombra libero

exercício IV

a humanidade terrestre
devia ser mais campestre
na cidade nada acontece
sem dinheiro em espécie

materialismo gritante
placas dizendo adiante
nesse consumismo constante
desejar nunca é o bastante

compra-se para esquecer
qual a razão de viver
despertos no anoitecer
dormindo no amanhecer

a noite é uma criança
vou gastar minha poupança
e até a minha herança
numa boa festança

sem pensar no amanhã
sem pensar no depois
quero viver esse agora
e o dinheiro rasgar, jogar fora

sou rico, bonito e importante
da sociedade sou comandante
sou eu que dito a moda
que na vitrine o pobre incomoda

não sigo, me seguem
e sempre se esquecem
que no trabalho que realizam
a mim se escravizam

sou o milionário
aquele empresário
capitalista selvagem
que constrói a miragem

a miragem que engana
o sistema encanta
compre sua roupa na loja
coma bastante soja

soja transgênica
feita em laboratório
por cientista notório
te levará pro velório

saída não há
estou no controle
sou rico, sou foda
eu dito a moda

discurso alegórico
por mais que histórico
desenvolvo a escrita
da poesia bem dita

são rimas ao léu
me perdoe o céu
exercício da sombra
para da vida dar conta

são dizeres que escondo
falo assim propondo
poesia pra exercitar
deixar minha sombra falar

exercício III

ser burro é confiar
em quem insiste em mostrar
que o seu caminhar
está errado ou devagar

porque você se importa
se minha vida está torta
busque encontrar a razão
de sua própria vida então

cuidar da vida alheia
prova que a mente vagueia
em enormes besteiras
perdida em grandes asneiras

se fico, vou ou paro
se durmo, acordo ou escarro
porque a ti importarias
as minhas experiências vazias

quero distância de ti
prefiro só existir
de ter que conviver
ao lado do que seja o seu ser

não é ódio, seria demais
é só sentimento de paz
que busco com sua ausência
sossego em minha existência

completamente quieto
meu ser se torna completo
longe da tua presença
essa é a minha sentença

é só exercício que faço
discurso sem nenhum embaraço
para fortificar minha sombra
seguro na luz que desponta

construo esse tipo de texto
como um mero exercício
discordo do texto acima
exercito a minha rima

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sombra_(psicologia)

exercício II

o pai só castra ou corta
a mãe tenta, mas não conforta
o padre julga e culpa
o analista finge que te escuta

sou culpado de estar
nesse mundo sem realizar
os sonhos dos outros
prefiro dançar com os monstros

são crias da minha mente em ação
os monstros são belos então
motivos para eu manter
esperança de nesse mundo viver

falam para eu trabalhar
sem pensar e rico ficar
e no natal presentear
quem de mim pensa até em matar

a família sufoca, afoga
os sonhos do sonhador
que carrega consigo a dor
sem poder seu plano propor

desse mundo rio, tenho escárnio
o sistema eu abomino
com o status quo eu termino
prefiro no inferno estar rindo

do valor da família eu duvido
da ciência fico compelido
a dizer que tudo que está escrito
provém do engano trazido

acadêmia, igreja ou partido
sustentam a ignorância em que creem
ignorantes eles se mantem
do novo tendo profundo desdem

para o adulto perdida está a juventude
que vive a real completude
de trazer pra cá novos ares
em busca de outros patamares

a prisão do remédio ou divã
ou da cura cristã,
umbandista e universalista
não dá pra ser otimista

são só construções de homens
que na ignorância estavam
incompletos e tristes se achavam
sem saber porque aqui estavam

exercício de crítica faço
sem vergonha e com desenlaço
forte fica minha sombra
no escuro seguro minha onda

não creio no que acima está escrito
só ponho pra fora assim
para que algum querubim
sustente minha rima enfim

http://www.humaniversidade.com.br/boletins/encontro_com_sombra.htm

exercício

andei dentro do esgoto
nos encanamentos estive
sozinho com as baratas
com ratos feliz me mantive

melhor o escuro fétido
vivo  a umidade nojenta
a sociedade me afugenta
quer que no mercado eu me entenda

só já me entendi
nas trevas a luz percebi
do esgoto tirei uma conclusão
a sociedade é pura podridão

prefiro os bichos do esgoto
que vivem na lama e no cheiro
daquele sujo bueiro
que me deixou completo e inteiro

completo e inteiro de certeza
que não  há ato que eu faça
que possa desfazer ou transmutar
a besteira que nesse mundo é estar

pessimista estou no momento
é simples exercício que tento
fazer minha sombra falar
deixar ela forte ficar

é acima uma brincadeira
pensamentos que não concordo
mas ponho pra fora com rima
para que minha sombra também se exprima


http://pablo.deassis.net.br/2010/06/nossa-amiga-a-sombra/

prisão

o quilo do feijão
leva pro caixão
o cidadão em questão
que não tem um tostão

mas o chefe empresário
guarda em seu armário
coleções de boutique
viciado em estar chique

o sistema é grade, é prisão
será qual solução
a fome existe aqui perto
te pegará se não for esperto

assobio

vazio está o mulherio
em se importar com elogio
cantada suja e vil
tal qual o assobio

simples

a vaidade
mostra a pouca idade
ou a imaturidade
de quem quer o alarde

os famosos exploram
a ostentação
que demonstra o que são
vivem a vida em vão

prefiro a singeleza
que vem com a pureza
do homem simples que pensa
com tamanha esperteza

simplicidade eu espero
amizade eu quero
dos simples normais
deles somos iguais

critica vazia

a arte é,
em si se reside
se quiser criticar
tomará um revide

o crítico catedrático
não é democrático
traz o interesse
do sistema midiático

quantos milhões ganhará
para te difamar
engessado em clichês
é um tolo burguês

quem dá valor
ao que ele propor
mostra mente vazia
alma com apatia

um quadro, um poeta
uma música discreta
já está no lugar
certo há de ficar

a alma se debruçou
e o artista criou
sem pensar no amanhã
se eternizou

do quadro autêntico
o critico acadêmico
fala asneiras
faláceas, besteiras

esqueça a critica
e faça a política
simples que está
na sua arte a brilhar

a arte é beleza
mostra a inteireza
do artista arteiro
que se dá por inteiro

não há como contrapor
dar menos ou mais valor
a Michelangelo ou Picasso
sem cair em erro crasso

a arte feita é única
quase que mediúnica
um grandioso feito
não há nela defeito

só

jamais te ensinarão

o segredo da vida

numa escola, ou instituição

subdesenvolvida

sua experiência

seu entendimento

sua liberdade

sua cota-parte

sozinho encontrarás

o que realmente te faz

ser completo e feliz

dono do seu nariz

no silêncio, no escuro

sinta-se seguro

assim terás

um belo futuro

completude

o ato foi falho porque
deixei de pensar em você
quero outra que me traga
algo que realmente me agrada

desejo somente sucesso
realização, amor e progresso
se um dia você aparecer
contente quero te ver

agora te dou um conselho
olhe bem para o espelho
e saiba o que é e quem és
pelo espelho passe através

e nesse portal transpassado
se a si mesmo tiver encontrado
pergunte a si mesmo o que queira
um dia te encontro inteira

solto

acordei sozinho sem ela
será doce a espera
de novo a terei em minha cama
com aquele transparente pijama

a espera é doce porque
feliz fico em rever
aquela que me faz suar frio
me ganhou com aquele elogio

me olha pura e límpida
demonstra alma esculpida
seu olhar me dominou
é por isso que aqui estou

se põe tanto a me agradar
que assim posso ficar
tranquilo se alguém te olhar
e o desejo em outrem despertar

seguro com ela estou
o ciúme se afastou
liberdade no amor é o lema
isento estou de problema

caderninho vermelho

o caderno em cima da estante
me faz pensar doravante
que tenho que seguir adiante
sem titubear nenhum instante

segredos guardados estão
no caderno nunca acharão
ali nunca imaginarão
que está o mistério e a revelação

querido caderno vermelho
queria que fosses invisível
ou até um sonho anotado
que no éter foi registrado

mas preciso te tê-lo guardado
sem que ninguém imagines o que é
tomares que fique aí encostado
um objeto que ninguém bota fé

lobo mau

o homem é o lobo do homem
orgulho e avareza destroem
impõem luta e discórdia
sem nenhuma misericórdia

o simples e tranquilo
humilde e pupilo
deixa pra lá a nobreza
e vive a clara certeza

seguindo certo e tenaz
a impureza desfaz
dorme bem e acorda
sua felicidade transborda

a riqueza corrompe
da criança interrompe
o devido entender
de simplesmente viver

a ciência em questão

do velho doente
purulento, sem dente
virá o repente
que você compreende

toda rima exprime
o que não se reprime
o que se representa
de forma pura e isenta

a rima é o clima
aberto, ensolarado
que deixa abismado
o cientista embotado

a ciência é menor
é um saber por de cor
que deixa o biólogo
a viver na pior

está na arte a beleza
feita com a certeza
da singela ação
a ciência é em vão

cotidiano

logo de manhã

teve a esperança vã

de jogar tudo para o alto

e fazer um assalto

pensou bem e caiu

em sim mesmo e partiu

para a desolação

do trabalho em vão

explorado vive

sempre descendo, em declive

dependência doente

do sistema presente

que fará onde está

tem que trabalhar

mesmo que queira parar

não tem como sonhar

busca vã

do  chorume do esgoto
sai o perdigoto
do vilão mais escroto
que te bota em desgosto

sai pra lá esse encosto
do cachorro de agosto
que fica exposto
mesmo a contragosto

a riqueza esbanja
o frango da granja
transgênico, anêmico
embalsamado em arsênico

para que eles vivem
no orgulho resistem
botam fé no dinheiro
que faz rico o bicheiro

sai pra lá deste mundo
seu vadio, vagabundo
é melhor o viver
sem se apodrecer

nobreza

o tráfico de influencia
quem indica e inventa
de viver entre a nobreza
da eterna avareza

gente rica e famosa
bonita e charmosa
se vende por pouco
morre no calabouço

esquecem da liberdade
são a pura vaidade
de estar com vontade
de dormir até tarde

distância eu quero
sem eles eu espero
um mundo sem Nero
humildade venero

consorte de sorte

o amor rasga, destrói
um coração que constrói
a quimera instintiva
de transar com a Diva

quero ela sem roupa
quero assim, coisa pouca
de prazeres menores
com aquela consorte

sem pudor vou propor
a tarde inteira estar
dentro de ti e te amar
e sem medo gozar

vem menina, vem mulher
sei o que você quer
sei o que você sente
meu tesão alimente

que fria!

gerações se passaram
e não entenderam
ser feliz é o que guia
a vida sem agonia

o rei caiu
o presidente subiu
e não se descobriu
não se evoluiu

que será que acontece
com essa gente que esquece
que a arte acontece
que duvidar envelhece

mente média é maioria
dá disenteria
de pensar nessa fria
de viver o dia-a-dia

o sabor da liberdade

qual será
por que está
quero desencontrar
e viver a cantar

vou deitar na sarjeta
esperar que aconteça
qualquer coisa que eu esqueça
vou perder a cabeça

sem destino
sem conclusão
sem saber de patrão
ou da fatura do cartão

é melhor desistir
é melhor se opor
é fazer até o isopor
realçar em sabor

o eterno presente

o sistema escraviza
tira toda a brisa
de uma vida completa
bela, clara e desperta

qual será a solução
da liberdade em questão
vivo com o patrão
ou com a desilusão

de dinheiro precisamos
e por isso gastamos
todo tempo que temos
do melhor esquecemos

a liberdade virá
de se saber onde está
com completa certeza
de viver com destreza

jogo fora o cartão
fico sem o patrão
vou viver intensamente
o eterno presente

antes só

na rua ele vai
sem pensar no amanhã
segue solto e só
indivíduo que é

seu cheiro traz mulheres
elas chegam
ele nem aí
segue, caminha

encontros são
como serão?
meras bobagens
o escuro o aguarda

na experiência de si
conhece o caminho
nada mais importante
segue só seu andar

pare a rima

poesia pra quê?

poesia pra lá

poesia pra cá

dá um tempo 

pera aí

deixe o pensamento fluir

estoy libre

sou livre
sou liberto
deixa pra lá o paradigma
arte nua, arte crua
exposta na rua