domingo, 17 de julho de 2016

exercício IV

a humanidade terrestre
devia ser mais campestre
na cidade nada acontece
sem dinheiro em espécie

materialismo gritante
placas dizendo adiante
nesse consumismo constante
desejar nunca é o bastante

compra-se para esquecer
qual a razão de viver
despertos no anoitecer
dormindo no amanhecer

a noite é uma criança
vou gastar minha poupança
e até a minha herança
numa boa festança

sem pensar no amanhã
sem pensar no depois
quero viver esse agora
e o dinheiro rasgar, jogar fora

sou rico, bonito e importante
da sociedade sou comandante
sou eu que dito a moda
que na vitrine o pobre incomoda

não sigo, me seguem
e sempre se esquecem
que no trabalho que realizam
a mim se escravizam

sou o milionário
aquele empresário
capitalista selvagem
que constrói a miragem

a miragem que engana
o sistema encanta
compre sua roupa na loja
coma bastante soja

soja transgênica
feita em laboratório
por cientista notório
te levará pro velório

saída não há
estou no controle
sou rico, sou foda
eu dito a moda

discurso alegórico
por mais que histórico
desenvolvo a escrita
da poesia bem dita

são rimas ao léu
me perdoe o céu
exercício da sombra
para da vida dar conta

são dizeres que escondo
falo assim propondo
poesia pra exercitar
deixar minha sombra falar

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